domingo, março 28, 2010

Tudo

Ultimamente, não sei por onde começar e como acabar quando escrevo. É-me tão estranho, ao contrário do que era antigamente, expressar com exactidão o que sinto. Traumatizei-me e fechei-me. Mas, hoje decidi tentar novamente porque preciso de expelir muito do que se tem armazenado.
Não tem sido fácil sobreviver, quanto mais viver. O pilar saúde está fragilizado: os últimos diagnósticos incluiram a expressão «doença crónica» e continuam a ser realizados exames complementares porque, definitivamente, eu não me sinto bem. A psicossomática, que já pôde ser por mim própria considerada a origem há meses atrás, agora não explica tudo. Prefiro não enumerar os problemas aqui, como não o faço perante a maioria das pessoas, apenas vou declarar que vão desde as dores musculares até ao deficiente funcionamento do sistema imunitário, do qual o oportunista herpes se serve. Alturas são estas em que somos levados quase espontaneamente a denunciar a revolta através da famosa frase: "Tudo me acontece."
O tudo, é mesmo isto: não bastasse a saúde, os obstáculos também se encontram a outros níveis. Não quero sequer abordar os aspectos materiais e profissionais. As pessoas são o que mais me importa, porém, para algumas pessoas pareço não importar nada e é esta falta de reciprocidade que me entristece. Além disso, muita gente não consegue imaginar o sofrimento e a solidão com os quais me debato desde o acordar até ao sonhar. A alienação pode ser tão dolorosa!
Estou emocionalmente debilitada e vários aspectos são contribuintes para tal. Novamente, desde o insucesso de relacionamentos, a ausência do apoio da família e dos amigos de outrora, até ao afastamento indecentemente inexplicável de pessoas que me são muito queridas, um conjunto numerável de situações desagradáveis que só me levam às lágrimas. Não perceber PORQUÊ custa mais do que tudo o resto.

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