A hibridez
Manifestamente anti-chacota de uma licenciatura que me orgulho de deter, escrevo a revolta que a troça frequente em vários comentários e folhetins humorísticos me provoca, pese embora com alguma condescendência para com os cínicos que os tecem.
A revolta surge, em primeiro lugar, quando se colocam dúvidas acerca da utilidade ou mesmo das competências que os licenciados em Relações Internacionais (RI) possuem e sobre as dificuldades que temos em convencer, ao contrário de um licenciado em Economia ou Direito ou até mesmo Línguas e Literaturas Modernas, as entidades empregadoras ou mesmo alguns sectores da opinião pública de que existem cargos para nós para além das “relações públicas/externas”.
Reduzir quatro ou cinco anos de aquisição de conhecimentos de história, filosofia política, geografia, economia, estratégia militar e empresarial, diplomacia, política externa, sociologia, negociação, direito, já para não mencionar o cultivo da leitura eclética (que pode ir desde Calvin & Hobbes, até Henry Kissinger, mas passa invariavelmente pela observação da imprensa e media locais, nacionais e internacionais), a nada ou quase nada, é simplesmente contraproducente e estúpido quando seriamente deliberado.
Acima de tudo, somos dotados de espírito crítico. Mas não só! Ser licenciado em Relações Internacionais é não ter uma profissão definida mas ter capacidade para a criar e ajustar os nossos conhecimentos à vontade de contrariar a inércia. Se sabemos um pouco de tudo somos capazes de fazer um pouco de tudo. Ser licenciado em RI é ser, indubitável e minimamente atento e open-minded porque a nossa curiosidade, o humanismo e tolerância a isso obrigam, mas também querer actuar quando tantos outros apenas lamentam e choram catástrofes internacionais olhando imagens televisivas recolhidas nos confins do planeta. Ou não estivéssemos nós na era do sofrimento pós-moderno, no qual interessa espiar sádica e masoquistamente a dor e as perdas dos outros nos media.
Já a condescendência para com quem critica a licenciatura surge da constatação de que sendo uma área de estudo recente e dada a velocidade do desenvolvimento intelectual em Portugal, se torna difícil para a maioria dos portugueses, escravos/adeptos do senso comum e do demasiado óbvio, perceber qual o contributo para a sociedade, para uma empresa ou Estado, de um licenciado em Relações Internacionais. Pois, é que o nosso contributo ultrapassa quaisquer patriotismos, fronteiras e, acima de tudo, provincianismos. Mentalmente podemos ser cidadãos do mundo e manter simultaneamente orgulho do ermo onde nascemos, crescemos e/ou habitamos.
Porque o mundo é pequeno e ao mesmo tempo suficientemente grande para dar que pensar a tempo inteiro, existem licenciados em Relações Internacionais. Com orgulho, coragem e o cinismo tão magnânimo que nos confere o direito de zombarmos de nós próprios!
A revolta surge, em primeiro lugar, quando se colocam dúvidas acerca da utilidade ou mesmo das competências que os licenciados em Relações Internacionais (RI) possuem e sobre as dificuldades que temos em convencer, ao contrário de um licenciado em Economia ou Direito ou até mesmo Línguas e Literaturas Modernas, as entidades empregadoras ou mesmo alguns sectores da opinião pública de que existem cargos para nós para além das “relações públicas/externas”.
Reduzir quatro ou cinco anos de aquisição de conhecimentos de história, filosofia política, geografia, economia, estratégia militar e empresarial, diplomacia, política externa, sociologia, negociação, direito, já para não mencionar o cultivo da leitura eclética (que pode ir desde Calvin & Hobbes, até Henry Kissinger, mas passa invariavelmente pela observação da imprensa e media locais, nacionais e internacionais), a nada ou quase nada, é simplesmente contraproducente e estúpido quando seriamente deliberado.
Acima de tudo, somos dotados de espírito crítico. Mas não só! Ser licenciado em Relações Internacionais é não ter uma profissão definida mas ter capacidade para a criar e ajustar os nossos conhecimentos à vontade de contrariar a inércia. Se sabemos um pouco de tudo somos capazes de fazer um pouco de tudo. Ser licenciado em RI é ser, indubitável e minimamente atento e open-minded porque a nossa curiosidade, o humanismo e tolerância a isso obrigam, mas também querer actuar quando tantos outros apenas lamentam e choram catástrofes internacionais olhando imagens televisivas recolhidas nos confins do planeta. Ou não estivéssemos nós na era do sofrimento pós-moderno, no qual interessa espiar sádica e masoquistamente a dor e as perdas dos outros nos media.
Já a condescendência para com quem critica a licenciatura surge da constatação de que sendo uma área de estudo recente e dada a velocidade do desenvolvimento intelectual em Portugal, se torna difícil para a maioria dos portugueses, escravos/adeptos do senso comum e do demasiado óbvio, perceber qual o contributo para a sociedade, para uma empresa ou Estado, de um licenciado em Relações Internacionais. Pois, é que o nosso contributo ultrapassa quaisquer patriotismos, fronteiras e, acima de tudo, provincianismos. Mentalmente podemos ser cidadãos do mundo e manter simultaneamente orgulho do ermo onde nascemos, crescemos e/ou habitamos.
Porque o mundo é pequeno e ao mesmo tempo suficientemente grande para dar que pensar a tempo inteiro, existem licenciados em Relações Internacionais. Com orgulho, coragem e o cinismo tão magnânimo que nos confere o direito de zombarmos de nós próprios!
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