quinta-feira, abril 21, 2005

"Grande Rushdie"

As janelas da internet são sempre indiscretas e inseguras. Quando menos esperamos eis que alguém nos descobre ou redescobre. Não imaginei que alguém ainda se lembrasse de espreitar um blog moribundo. Mas, para quem se interessar: sim, acho que para já, estou de volta.
Lamento (mas não lamento) que não exista o habitual espaço para os comentários. Apenas me interessa a opinião dos que me são mais ou menos próximos e esses saberão perfeitamente como fazer chegar até mim a sua opinião.
Obrigado por estares atento Ismael.

quarta-feira, abril 20, 2005

A vergonha ( 2 )

" Há relativamente pouco tempo, no East End, em Londres, um pai paquistanês matou a sua única filha, porque, fazendo amor com um rapaz branco, ela tinha lançado sobre a família uma tal desonra que só o sangue poderia apagar tamanho labéu. A tragédia era interrompida pelo imenso e óbvio amor do pai por aquela filha assassinada e pela repugnância dos amigos e parentes (todos «asiáticos» para usarmos o termo confuso dessa época difícil) em condenarem o crime. Tristemente declararam diante dos microfones das rádios e câmaras de televisão que compreendiam o ponto de vista do homem e continuavam a apoiá-lo, mesmo quando se apurou que a rapariga não tinha ido «até ao fim» na relação com o namorado. (...). A notícia não me soava a nada de estranho. Nós os que fomos educados na honra e na vergonha compreendemos facilmente o que parece impensável a pessoas que vivem num mundo em que Deus e a tragédia morreram; compreendemos que os homens sacrifiquem o que possuem de mais querido nos altares implacáveis do orgulho. (E não só os homens. Ouvi posteriormente falar de uma mulher que cometeu o mesmo crime pelas mesmas razões.) O eixo sobre o qual giramos está entre a vergonha e a falta de vergonha: neste dois pólos, as condições metereológicas são extremas e de tipo feroz. A falta de vergonha, a vergonha: as raízes da violência".


Rushdie, Salman (1988), A vergonha. Lisboa: Publicações Dom Quixote, pp. 119-120.

quinta-feira, abril 14, 2005

Não há coincidências

Para além de ser o título de um livro de Margarida Rebelo Pinto, que ainda não li, confesso, por desprezar um pouco aquilo que muitos consideram ser "literatura comercial" (não desdenhando o talento daquela, e muito menos a sua personalidade, e de outros autores, entenda-se), também devia ser o sub-título do filme "Collateral". Sim, o filme em que Tom Cruise veste o papel de vilão, frio, prático, insensível mas sempre gentleman, no doubt.
Colateral porque o mal na forma de crimes mortais afecta terceiros. Não há coincidências porque, acredito, há situações, encontros, acções que não são fruto do acaso mas servem algum propósito, seja ele um regresso ao passado ou um empurrão para o futuro. E quando juntamos as cenas, tudo tem um sentido, quase giratório. Como no filme.

the return

Novo visual, sem comentários e com mais inspiração, espero...