sexta-feira, março 31, 2006

Found

Tinha perdido a morada do Silêncio. Fico contente por o ter voltado a encontrar, mesmo a tempo da megalomania.

quinta-feira, março 30, 2006

Filthy gorgeous

Let's play

Os jogos não são mais do que transacções emocionais entre as pessoas Esta é a sua fórmula básica.
Num primeiro momento é lançada a “isca”, a parte inconsciente do estímulo que é utilizado para cativar o outro. Consequentemente, o segundo jogador é apanhado pela “fraqueza”, sendo levado a responder ao incentivo; a sua fraqueza leva-o a entrar no jogo. Mas, eis que quem iniciou o jogo muda repentinamente de papel. No fim, porém, embora determinado pela forma como decorrer a troca, cada um conta obter o seu benefício.
O jogo é uma forma inadequada de pedir afecto ou atenção. Um indivíduo menos estruturado psicologicamente costuma utilizá-los com ponto de apoio da própria personalidade.
O jogador tem sempre um benefício oculto por detrás do jogo, podendo ele ser sentimental, material ou mental, actuando como um alívio do sentimento de culpa. Um jogo de sedução, por exemplo, pode ser favorável se servir para aproximar da pessoa amada mas torna-se nefasto se tiver um intuito negativo porque providencia um alívio momentâneo mas não preenche o vazio de afecto.
(Este é apenas o meu resumo de um artigo de Hugo Reis e opinião da psicóloga Maria da Luz Cachapa publicados na Quo nº 57 de Junho de 2000, pp. 32-37).

sábado, março 25, 2006

A culpa de existir

“ A organização de um sentimento de culpa é algo muito específico da espécie humana e caracteriza um dos seus aspectos mais evoluídos, algo que emocionalmente corresponde a uma construção mental de determinado nível de funcionamento mental. Naqueles que têm uma evolução saudável, a culpa organiza-se precocemente na vida infantil e assenta numa estrutura de autocensura regulatória que é fulcral na relação, pois pressupõe que logo os mais novos comecem a interiorizar o impacto dos seus actos nos outros, quer através de uma identificação empática quer por uma capacidade de reparação desses mesmos actos.”
(…)
Pois é. Crescer emocionalmente saudável não é tarefa fácil. E há aspectos que, se cedo adquiridos, podem marcar a diferença para o lado melhor. Só que para que tal aconteça é preciso sentir que o mundo não somos só nós, que tudo quanto fazemos tem repercussão nos que temos por mais próximos e que vulgarmente amamos (ou deveríamos amar) e que sobre o negativo dos nossos actos existe ainda uma coisa que se chama remorso, e por último, capacidade de reparação. Sem nenhuma noção de culpa, ninguém ama verdadeiramente mais nada a não ser a si próprio e, mesmo aí, não cessa de se destruir e de destruir o que mais importante haveria em si e nos outros. Mas com ela nasce a possibilidade de cuidar, de tentar fazer melhor, de respeitar e querer ajudar os mais fracos, ou os esquecidos ou os diminuídos, porque a empatia existe e, com ela, o respeito, a verdade, a vida, o amor. Porque, como rematava Prado Coelho, “o estilo contagia”. Não podíamos estar mais de acordo.”

Pedro Strecht in Público, 15 de Julho de 2005, p. 12.

sexta-feira, março 24, 2006

A culpa de não mudar

Há e-mails reencaminhados que carregam muito simbolismo e alguma boa intenção. De boas intenções, está o inferno cheio, eu sei. Todavia, aqui está uma boa tentativa. Ao invés de o ter reencaminhado publico-o com umas pequenas alterações. Quem ler, de certeza que não vai apagar e, quem ainda não perdeu a capacidade de sentir vergonha vai gostar imenso.
“A diferença entre os países pobres e os ricos não é a idade do país. Isto pode ser demonstrado por países como Índia e Egipto, que têm mais de 3000 anos e são pobres. Por outro lado, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, que há 150 anos eram inexpressivos, hoje são países desenvolvidos e ricos.
A diferença entre países pobres e ricos também não reside nos recursos naturais disponíveis. O Japão possui um território limitado, 80% montanhoso, inadequado para a agricultura e a criação de gado, mas é a segunda economia mundial.
O país é como uma imensa fábrica flutuante, importando matéria-prima do mundo todo e exportando produtos manufacturados. Outro exemplo é a Suíça, que não planta cacau mas tem o melhor chocolate do mundo. No seu pequeno território cria animais e cultiva o solo durante apenas quatro meses no ano. Não obstante, fabrica lacticínios da melhor qualidade.
A Suíça é também um país pequeno que passa uma imagem de segurança, ordem e trabalho, o que o transformou na caixa forte do mundo.
Executivos de países ricos que se relacionam com seus pares de países pobres mostram que não há diferença intelectual significativa. A raça ou a cor da pele também não são importantes: imigrantes rotulados de preguiçosos nos seus países de origem são a força produtiva de países europeus ricos.
Qual é então a diferença? A diferença é a atitude das pessoas, moldada ao longo dos anos pela educação e pela cultura. Ao analisarmos a conduta das pessoas nos países ricos e desenvolvidos, constatamos que a grande maioria segue os seguintes princípios de vida:
1. A ética, como princípio básico.2. A integridade.3. A responsabilidade.4. O respeito às leis e regulamentos.5. O respeito pelo direito dos demais cidadãos.6. O amor ao trabalho.7. O esforço pela poupança e pelo investimento.8. O desejo de superação.9. A pontualidade.

Nos países pobres apenas uma minoria segue esses princípios básicos na sua vida diária.
Não somos pobres porque nos faltam recursos naturais ou porque a natureza foi cruel connosco. Somos pobres porque nos falta ATITUDE. Falta-nos vontade para cumprir e ensinar esses princípios de funcionamento das sociedades desenvolvidas.

SOMOS ASSIM POR QUERER LEVAR VANTAGENS SOBRE TUDO E TODOS.

SOMOS ASSIM POR VER ALGO ERRADO E DIZER: “DEIXA P’RA LÁ, DEIXA ‘TAR”.

SOMOS ASSIM PORQUE ESBAJAMOS O DINHEIRO COM VAIDADES E MANUTENÇÃO DE APARÊNCIAS IMPECÁVEIS.


Se amas Portugal, faz circular esta mensagem para que grande quantidade de pessoas pense no assunto e mude efectivamente de atitude!"
Efectivamente é a palavra que mais conta neste caso. Acrescento: somos assim porque em tempos de crise não fomentamos a coesão nacional mas a discórdia e conflito.
Não é o país, não é o sistema, bode expiatório abstracto predilecto, que estão mal, são as bases, são os cidadãos.
O Estado e as suas instituições padecem de males eternos e aparentemente insolúveis a julgar pelo fatalismo noticioso. A máquina administrativa funciona de modo pouco transparente e excessivamente lento, quando não é inoperante e ineficaz. E, os motivos encontramo-los provavelmente nas bases, não no Governo e nas sucessivas reformas levadas a cabo. Porque há muitos funcionários públicos indisciplinados e avessos ao rigor no cumprimento do seu dever ao serviço da República Portuguesa e isso, estou em crer, é mais um problema de formação cívica e educação do que outra coisa.
Por outro lado, verifica-se frequentemente um total desrespeito pelas disposições “sagradas” da Constituição e, mais escandaloso, cometido pelas próprias instituições públicas.
Desrespeito pelas regras de conduta nas estradas e na sociedade em geral também parece ser talento "genético" de muitos portugueses. Este defeito é dos que mais peso tem na má imagem de Portugal na Europa e no mundo, recordo.
Podia alargar-me e enumerar mais alguns dos defeitos que aumentam a mediocridade de Portugal. Falaria de projectos megalómanos, de derrapagens orçamentais, de corrupção sistémica, de boçalidade, de pobreza material e intelectual, no entanto, posso resumir o discurso fastidioso e de todos conhecido em três vocábulos: desrespeito, desinteresse e ignorância. A maioria dos portugueses deve desconhecer o conceito de interesse nacional. Porque ele não existe?! Pior do que não saber é não querer saber.
Meus caros, D. Afonso Henriques sentiria desgosto!

Hoje



Hoje, logo, finalmente, o comunicado à Nação mais aguardado dos últimos tempos.

terça-feira, março 21, 2006

First and last and always

Penduricalho

“Que visão estreita do sexo têm os homens, vivem hipnotizados por uma pendureza, parecem ter o orgulho pendurado nela” .

Júlio Machado Vaz (2004), Olhos nos Olhos. Rio de Mouro: Círculo de Leitores, p. 159.

Adianta reflectir sobre o assunto?

sábado, março 18, 2006

Lisboa

A Lisboa que todos fingem não existir está no coração da própria. De cosmopolita, rápida e eficaz, luminosa, musa, passa a taciturna, pobre, violenta e solitária quando somos atacados por aquele atributo da inteligência emocional que é a sensibilidade. A sensibilidade permite-nos ver a desgraça nos olhos dos pedintes, as necessidades prementes dos trabalhadores, a ambição desmedida de quem já tem e quer mais, a descontracção dos turistas, o stress de jovens transeuntes que procuram emprego e a alma gémea. Ao procurar, alguns fogem, a maior parte, ignora.

segunda-feira, março 13, 2006

Histórias de amor (take two)

"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
(…)
Dizem-nos para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. (…).
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. (…)
Porque é que é sempre nos momentos em que nos sentimos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais a falta das pessoas de quem amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim mais ninguém consegue tomar conta de nós. (…) E a felicidade faz-nos sentir pena e culpa de não a podermos participar. É por estarmos de uma forma ou de outra sozinhos que a saudade é maior.
Mas o mais difícil de aceitar é que há lembranças e amores que necessitam do afastamento para poderem continuar. (…) Às vezes, a presença do objecto amado provoca a interrupção do amor. (…).
As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se.
(…)
E quando alguém está sempre presente? Quando é tarde. Quando já não se aguenta mais. Quando já é tarde para voltar atrás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar. Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar? Aí está o sofrimento maior de todos.”

Miguel Esteves Cardoso (1991), Último Volume. Lisboa: Assírio & Alvim.

quinta-feira, março 09, 2006

A Arte dos amigos

Simone Marques, "Bad Habits II", acrylic on canvas and tissue (2001)


A Arte dos amigos é sempre a melhor.

Lição do Abismo

Senti pela segunda vez o corpo a gelar durante breves instantes após o choque. A aproximação da morte, se a sentimos, deve implicar uma sensação semelhante. Porque foi de uma morte que se tratou.
Completamente vencida da vida (finalmente percebi esta expressão), cansada de não obter nem o que quero, nem o que preciso, estou obrigada a render-me à ninharia das evidências e das derrotas nas guerras que nunca empreendi contra ninguém. Continuarei a cumprir penitência com o fardo pesado às costas.

terça-feira, março 07, 2006

Velório

"- Enterros não levam a nada”.
"- Tens razão mas tenho que tentar, pelo menos. Não há muito mais a fazer.”

domingo, março 05, 2006

Canção do desempregado

A canção do desempregado em Portugal, sobretudo do que tenta a sorte na bolsa de emprego público, é nada mais nada menos do que "Hung Up" da Madonna. Vejamos a letra para perceber porquê:


"Time goes by so slowly

Time goes by so slowly

Time goes by so slowly

Time goes by so slowly

Time goes by so slowly

Time goes by so slowly

Every little thing that you say or do

I'm hung up

I'm hung up on you

Waiting for your call

Baby night and day

I'm fed up

I'm tired of waiting on you

Time goes by so slowly for those who wait

No time to hesitate

Those who run seem to have all the fun

I'm caught up

I don't know what to do

Time goes by so slowly

Time goes by so slowly

Time goes by so slowly

I don't know what to do

Every little thing that you say or do

I'm hung up

I'm hung up on you

Waiting for your call

Baby night and day I'm fed up

I'm tired of waiting on you

Every little thing that you say or do

I'm hung up

I'm hung up on you

Waiting for your call

Baby night and day I'm fed up

I'm tired of waiting on you

Ring ring ring goes the telephone

The lights are on but there's no-one home

Tick tick tock it's a quarter to two

And I'm done

I'm hanging up on you

I can't keep on waiting for you

I know that you're still hesitating

Don't cry for me

'cause I'll find my way

you'll wake up one day

but it'll be too late

Every little thing that you say or do

I'm hung up

I'm hung up on you

Waiting for your call

Baby night and day

I'm fed up

I'm tired of waiting on you

Every little thing that you say or do

I'm hung up

I'm hung up on you

Waiting for your call

Baby night and day

I'm fed up

I'm tired of waiting on you"

Por favor, não digam que não tenho sentido de humor!

sábado, março 04, 2006

Histórias de amor (take one)


Todas as histórias de amor verdadeiro acabam mal.